Nessa pequena praia onde o Rio começou
Em plena tarde de pré-natal
Anseio por um poema, anseio por parir!
Mas para parir
É mister deixar-se ir
Vamos!
Aquele cachorrinho tão determinado
Latindo ali na beira-mar,
Essa fúria do vento leste no meu rosto,
Esse sujeito que passa rígido em passos curtos
O Jovem careca sorridente
Brincando com filhos na úmida areia
A areia que teima e se infiltra pela minha sandália
Esse coqueiro bem aqui do meu lado
Coqueiro mais gozado!
Esguio,
Impertigado e torto.
Como é alto!
Se um desses cocos cai na minha cabeça...
Pim pom ron pim!
Musiquinha no meu bolso
Chegou mensagem!
“ver”
Ah! É de gente muito querida
Gente que me ama!
A minha volta agora
É tudo tão bonito
Tudo tão bonito!
Chega uma hora na vida
Em que a gente entende
Que esse mundo só pode ser assim tão múltiplo,
Tão sólido,
Por menos que um mero triz
Apenas uma incrível coincidência quântica
Apenas um piscar de coisa cheia
No meio do nada mais imenso.
Na Urca, tão ligeira, leve, curta.
Não na embarcação cargueira,
bojuda
Mas no bairro de praias, beiras.
Um amigo divaga na véspera de Natal...
Mas não nasceu o menino no dia seis?
Não é aquele o dia de Reis?
Bem, não faz mal.
que não seja de fato o Natal, talvez.
Ah, o dicionário, para onde corri aflito
para saber o que é urca.
O significado ali contido não tem bondinho
Não tem rumo para o Pão de Açúcar.

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